http://www.bosluis.co.za/2011/08/20/lunch-274/
Um novo
emagrecedor, o “adipotídio”, desenvolvido pelo casal de cientistas brasileiros Renata
Pasqualini e Wadih Arap, mostrou resultados promissores: perda de peso
expressiva com efeitos colaterais mínimos.
Pasqualini e Arap são
pesquisadores da Universidade do Texas, em Houston (EUA), há mais de dez anos,
e publicaram os resultados dos testes com o adipotídio – realizados em macacos
do tipo reso – na última edição da revista Science
Translational Medicine.
Trata-se de uma nova
classe de remédios que, ao contrário de outros emagrecedores, não apresenta
efeitos colaterais graves, como problemas cardiovasculares e distúrbios
psiquiátricos.
Ao invés de inibir o
apetite, ou diminuir a absorção de gordura, o adipotídio elimina vasos
sanguíneos que alimentam o tecido adiposo.
O grande feito da dupla
brasileira foi obter resultados positivos com a nova fórmula em primatas, já
que a maioria das drogas contra a obesidade são testadas com sucesso apenas em roedores.
“Experimentos com camundongos são limitados, pois o
metabolismo e o sistema de controle de apetite e saciedade são diferentes em
relação aos primatas, inclusive humanos”, diz a cientista Pasqualini.
Macacos
receberam injeções de adipotídio durante quatro semanas e, além de uma redução
de mais de ¼ da gordura localizada na barriga, tiveram uma diminuição de 10% da
massa corporal.
Assim
como os humanos, os primatas são “espontaneamente” gordos, o que os tornam
modelos ideais para testes, afirma Kirstin Barnhart, veterinária que participou
da pesquisa liderada por Pasqualini e Arap.
Um
aumento no volume de urina e uma leve desidratação – sugerindo impacto no
sistema renal – foram alguns dos efeitos adversos verificados, embora “o efeito
renal seja dependente da dose, previsível e reversível”, conclui Barnhart.
Quando testado em macacos magros, o adipotídio não
causou perda de peso, revelando um efeito seletivo sobre o tecido adiposo.
“Identificamos um sistema de endereços moleculares no corpo” explica
Pasqualini; na prática isto significa que, uma vez localizado o tecido que
precisa de tratamento, é possível criar uma droga capaz de atuar nele com
precisão.
Arap informa que o adipotídio já foi licenciado para
um laboratório da Califórnia, mas se furta a prever quando o medicamento chegará
às farmácias.
Segundo um estudo recente do Centro de Pesquisa
Cardiovascular da Universidade de Glasgow, Inglaterra, a obesidade nos homens
aumenta em 75% a chance de um ataque cardíaco, independentemente de outros
fatores de risco, como hipertensão e colesterol alto. É também o segundo maior
fator de risco evitável para o câncer, atrás apenas do tabagismo.
“Para mais de 90% [desse contingente], exercícios
físicos, dietas, mudanças de hábito e medicamentos existentes não são
eficazes”, afirmou (em 2007, em Lisboa) o endocrinologista Felipe Casanueva, da
Universidade de Santiago de Compostela, Espanha, na conferência “Obesidade: o
grande desafio”.
O medicamento desenvolvido pela equipe dos
cientistas brasileiros pode ser um passo importante para superar “o limitado
conhecimento que se dispõe sobre os mecanismos complexos que controlam a
ingestão de alimentos no organismo”, conforme declarou Casanueva.
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