terça-feira, 1 de novembro de 2011

‘Rosto de Cristo’ é alvo de fundamentalistas católicos franceses

Jovens integralistas cristãos protestam contra peça inspirada em pintura sacra do século XV

Radicais católicos invadem palco e mostram faixa: “basta de cristofobia!” (ao lado, obra que inspirou a peça)
http://www.rue89.com/2011/10/22/des-cathos-integristes-menacent-le-public-du-theatre-de-la-ville-de-paris-225837

“Sobre o conceito do rosto do filho de Deus”, do italiano Romeo Castellucci, é a peça que no mês passado esteve em cartaz no Théâtre de La Ville, em Paris, sob protestos de jovens católicos e forte aparato policial.

No centro da discórdia, a suposta blasfêmia do conteúdo dramatúrgico, que tinha no cenário uma gigantesca imagem baseada na obra renascentista Salvator Mundi, do pintor siciliano Antonello da Messina.

Para o jornalista e historiador Thomas Schlesser, de Rue89, a peça retrata a tragédia da velhice, diante de um olhar impassível de Cristo, tal como no quadro renascentista. Mas também fala de valores cristãos, como o perdão e a compaixão, conforme destacam outros críticos teatrais e o próprio autor da peça.

“Eu os perdôo porque eles não sabem o que fazem”, declarou espirituosamente o dramaturgo italiano Romeo Castellucci ao site da RFI.

Os jovens que tentaram impedir a representação teatral inspirada na célebre pintura sacra pertencem a grupos organizados, como o Movimento da Juventude Católica da França, Instituto Civitas e Renouveau Français.

São frequentemente associados pela grande mídia a forças políticas conservadoras, nacionalistas e reacionárias, como o Front National, liderado por Jean-Marie Le Pen, aquele que um dia disse – “o Holocausto foi apenas um detalhe na História”.

O fato é que a grande maioria dos franceses não é ligada em religião alguma e o laicismo é levado ao pé da letra no país da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

A Prefeitura de Paris e o Théâtre de La Ville vão processar o Instituto Civitas, que instigou os protestos contra a peça, por “atos de degradação do espaço público” e “ataque à liberdade de criação e da expressão artística”.

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