Simone de Beauvoir aos 49 anos (Paris, 1957)
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A
obra de mais de mil páginas – sinônimo de “bíblia do feminismo” para muitas
mulheres – foi escrita em dois volumes, publicados em junho (“Fatos e mitos”) e novembro (“A experiência vivida”) de 1949.
Beauvoir,
então com 41 anos, dedicou O Segundo Sexo
a Jacques-Laurent Bost – o primeiro de seus inúmeros amores contingentes – com
quem iniciou um romance, quando já se relacionava há oito anos com Sartre, seu
companheiro de toda a vida.
Ao
mesmo tempo em que o lançamento do livro foi um sucesso editorial (20 mil
exemplares vendidos na 1ª semana), causou escândalo na sociedade francesa. Para
algumas mulheres, O Segundo Sexo foi e ainda é uma obra repugnante; para outras, não chega a ser uma “bíblia”, mas referência
essencial para uma reflexão sobre a condição feminina.
O
ensaio de Beauvoir causou furor em alguns meios literários e também no
Vaticano; em ambos os casos, era a moral católica que o condenava,
particularmente sua abordagem sobre a sexualidade e o capítulo “A lésbica”.
A
psicanalista Elisabeth Roudinesco vê em O
Segundo Sexo uma “verdadeira psicologia da alienação feminina”, uma tentativa
de se construir uma mulher narcisista alienada de sua própria imagem. No
entanto, o livro significou para a França “uma síntese das doutrinas
psicanalíticas sobre a feminilidade”, como afirma Roudinesco.
Já
a filósofa Sylviane Agacinski, embora reconheça a força dos efeitos liberadores
de O Segundo Sexo, questiona uma das
principais dimensões do seu feminismo, manifesta no desejo de anulação da
natureza feminina, de sua fecundidade, como forma de dar voz às mulheres que convivem
em estruturas sociais opressivas.
Apesar
das controvérsias em torno de O Segundo
Sexo, parece consensual entre estudiosos o reconhecimento definitivo do seu
caráter revolucionário, pela forma corajosa e isenta de pudor com a qual
Beauvoir tratou a sexualidade e sua relação com a vida social, além de ter
inegavelmente contribuído para a liberação de gerações de mulheres.
Simone
de Beauvoir não só marcou o pensamento ocidental da segunda metade do século XX
– com uma intensa atividade filosófica original – mas também criou uma ponte
entre feministas e democratas laicos do mundo muçulmano. Sua herança
intelectual está bem viva nos países islâmicos onde as mulheres são subjugadas.
No
Irã, Beauvoir é escritora de destaque e suas obras ocupam lugar importante,
com a publicação de O Segundo Sexo e
dos quatro volumes de suas memórias: “Memórias de uma jovem bem-comportada” (1958),
“A força da idade” (1960), “A força das coisas” (1963) e “Balanço final” (1972).
A
comercialização de seus livros só foi autorizada no país dos aiatolás a partir
de 2000. Seu legado intelectual certamente contribuiu para o sucesso de uma
campanha, promovida em 2006 naquele país, pela revogação de leis
discriminatórias contra as mulheres.
Fonte: HORS-SERIE Le monde – Une Vie, Une Oeuvre : Simone de Beauvoir, Une femme libre (2011)
Um dia irei lê-lo.
ResponderExcluirMesmo sendo homem.
Isso ajudará a entender a psicologia feminina.
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