quarta-feira, 2 de novembro de 2011

‘Editor-Chefe Maomé’ provoca fúria de extremistas muçulmanos na França

Sede de jornal é incendiada em protesto contra edição satírica dedicada à vitória de partido islâmico na Tunísia

“100 chibatadas, para quem não morrer de rir”, diz o profeta Maomé na capa da edição de hoje de Charlie Hebdo
http://www.webdo.tn/2011/10/31/charlie-veut-charrier-avec-son-charia-hebdo-avec-mahomet-comme-redacteur-en-chef/

A edição que o tradicional pasquim parisiense Charlie Hebdo dedicou ao triunfo do partido religioso Hennahda nas recentes eleições tunisianas deixou extremistas islâmicos em cólera. Um incêndio criminoso, que destruiu a redação do jornal, foi a reação dos fundamentalistas. O site http://www.charliehebdo.fr/ também foi atacado por fanáticos cibernéticos e está fora do ar.

A publicação do semanário traz não apenas charges alusivas ao islã; o próprio título (Charia Hebdo) é uma referência debochada ao livro sagrado dos muçulmanos, a Sharia. A edição especial tem como Editor-Chefe o profeta do islã. A última página de Charia Hebdo traz um desenho de Maomé com um nariz vermelho de palhaço e a frase: “Sim, o islã é compatível com o humor”.

A edição especial de Charlie Hebdo, publicada hoje, é uma reverência irônica não só à vitória do islamismo na Tunísia, mas também à promessa do presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia – após a morte de Kadafi – de que a Sharia seria a principal fonte de legislação do país.

“Essa edição provocadora, com uma capa blasfêmica para muitos muçulmanos, sejam eles extremistas ou moderados, deverá levar seus responsáveis novamente aos tribunais, como em 2006, quando o jornal publicou caricaturas de Maomé consideradas injuriosas por organizações islâmicas”, diz o editorial do site tunisiano webdo.

Há cinco anos, Charlie Hebdo havia reproduzido caricaturas de Maomé publicadas por um jornal dinamarquês, que provocou a ira de fundamentalistas e violentos protestos em vários países muçulmanos. Naquela ocasião, o Tribunal Correcional de Paris inocentou o jornal.

O chargista e diretor do semanário, Charb, rebate as críticas à Charia Hebdo; para ele, a edição “pretende apenas comentar um fato da atualidade, sem representar Maomé como um extremista”.

“Não temos a impressão de que se trata de mais uma provocação, fizemos nosso trabalho habitual; a única diferença é que nesta edição Maomé está na capa, o que é algo bastante raro”, disse o editor-chefe de Charlie Hebdo.

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