sábado, 19 de dezembro de 2020

GreenToken: projeto inovador visa criar ‘Spotify da energia renovável’

Com aval inédito da Comissão de Valores Mobiliários da França, empresa lança no mercado de ativos digitais europeu oferta pública para aquisição de jetons em prol de transição energética

https://www.thecointribune.com/actualites/ico-de-wpo-comment-acheter-le-greentoken-gtk/

A precursora do projeto é a WPO (Wind Prospect Operations), líder europeia de plataformas independentes em serviços e produtos no setor de energias renováveis.

Em maio deste ano, a empresa obteve aprovação da Autoridade de Mercados Financeiros (AMF) francesa para lançar uma Oferta Pública de jetons GreenToken. Uma iniciativa pioneira no mundo, para uma Oferta Inicial de Moeda (ICO - Initial Coin Offering) operada por uma blockchain na área de energia.

Plataforma tecnológica das criptomoedas, a blockchain é uma “cadeia de blocos”, concebida como um sistema inviolável de registro de transações de ativos digitais.

Considerada a principal inovação tecnológica do bitcoin, a primeira e mais negociada das criptomoedas, a blockchain é uma base de dados distribuída que armazena todos os registros de transações individuais ou em bloco.

Uma criptomoeda é um tipo de dinheiro que se distingue das moedas tradicionalmente conhecidas porque é 100% digital e porque não é emitida por nenhum governo. “O que o e-mail fez com a informação, o bitcoin fará com o dinheiro”, diz Fernando Ulrich, autor do livro Bitcoin: A moeda na era digital.

Do mesmo modo que o correio eletrônico prescinde de um intermediário (o carteiro, no caso das cartas) para a troca de informações, o bitcoin prescinde do papel-moeda nas transações comerciais. Além de servir de meio de troca, o bitcoin atua como reserva de valor e como unidade de conta na precificação e comercialização de produtos.

As operações realizadas com moedas digitais -como o bitcoin- são protegidas por criptografia, daí o termo “criptomoeda”. São controladas e validadas pelo próprio usuário, ou um grupo de pessoas, que as registram em computadores por meio da blockchain, a plataforma que é considerada um “protocolo de confiança”. Não há nenhuma autoridade central envolvida.

A ideia de fomentar o setor de energias renováveis, especialmente a solar e a eólica, via mercado de jetons GreenToken surge do staff dirigente da WPO, a partir do Plano de Ação (PACTE) do governo francês, de incentivos ao crescimento e transformação de empresas, pelo qual a AMF pode autorizar a emissão de jetons por novas empresas, diz o CEO da WPO Barthélémy Rouer.

Atuando em três países europeus (França, Irlanda e Suécia) e no Reino Unido como fornecedor independente de serviços no setor de energias renováveis, a WPO foi criada em 2015, resultante da fusão de uma primeira empresa (fundada em 2008) e sua subsidiária, ambas voltadas à gestão de ativos em energia eólica.

Em 2011, essas duas empresas começam a atuar também no setor de energia solar, abrindo caminho para a atuação da WPO, em 2019, na gestão de ativos de 600 instalações eólicas e solares em 10 países europeus, somando uma capacidade instalada de mais de 5 GW. “Uma potência com capacidade para alimentar todas as residências de Paris”, lembra Rouer.

“O objetivo da ICO é contribuir para a transição energética, pela valorização e o compartilhamento do know-how entre os diversos atores do setor de fontes renováveis”, explica Barthélémy Rouer, em entrevista à web magazine Plein Soleil, antes da emissão pela WPO dos jetons para aquisição pública.

O objetivo da WPO é oferecer a cada ator (industrial ou individual) um dispositivo confiável para monetizar os dados de energia no setor de renováveis. “Queremos nos tornar o Spotify da transição energética. A ideia é fomentar o mercado de eletricidade verde, via blockchain, onde cada ator contribui com seu dado-energia [informação da energia produzida]”, diz Rouer.

O CEO da WPO esclarece a analogia com o Spotify, o popular aplicativo de celular para ouvir músicas, pelo qual os autores ganham pela propriedade intelectual de sua música e pela frequência com que o usuário a escuta.

A precificação do dado-energia entregue pelo usuário na blockchain permitirá sua negociação no mercado de ativos digitais e, consequentemente, que ele seja remunerado por uma criptomoeda ou por jetons “de uso qualificado”, como o GreenToken. A WPO já negocia desde 2018 seus dados-energia, a troco de GreenTokens via blockchain; “trocamos nossos serviços por dados de nossos clientes”, informa Rouer.

“O público-alvo de nossa plataforma multisserviços no mundo das energias limpas são profissionais ou particulares, de modo individual ou associativo. Os dados-energia coletados podem servir para diversos fins ou setores de atividade. Profissionais do setor de seguros, por exemplo, podem trocar dados sobre sinistros [em parques eólicos e usinas solares]; na área de finanças, investidores podem trocar informações sobre taxas de retorno dos projetos e sua fiabilidade com o tempo. Um particular pode financiar com seus GreenTokens o projeto para um telhado fotovoltaico de sua casa ou sua participação no projeto de uma usina solar.”, explica Rouer.

Segundo Rouer, a Europa tem cerca de um milhão de profissionais no setor de energias renováveis, 20 mil parques eólicos e 60 mil usinas solares. A expectativa da WPO é ter entre 1 e 2 milhões de usuários de seu dispositivo de monetização de dados-energia até 2023.

Questionado sobre o impacto energético de seu dispositivo na blockchain, Rouer diz que o montante de GreenTokens que a WPO lançará representa menos de 1% da energia consumida por transações da plataforma Ethereum. “O balanço energético do projeto GreenToken é amplamente positivo”, conclui.

O número de jetons GreenToken voltados ao setor de energia verde a ser lançado no mercado de ativos digitais “deve permanecer fixo e definitivo”, afirma Rouer. De fato, este é o princípio fundamental do mercado de criptomoedas, que se baseia na capacidade de reproduzir a extração de um metal precioso da Terra. Assim, apenas um número limitado e previamente conhecido de bitcoins, por exemplo, pode ser negociado ou “minerado”, como dizem os operadores da blockchain.

A ICO da WPO foi aberta ao público em 8 de setembro e encerrou-se em 12 de novembro, pelo site ico.wpo.eu. Foram emitidos 15 milhões de euros em GreenTokens, visando a meta da venda de 10 milhões, ao custo unitário de 0,95 euros, que podem ser adquiridos em euro ou via duas criptomoedas, o bitcoin e o ethereum.

Uma vez alcançada a meta fixada pela WPO, os jetons seriam cotados e negociados em um mercado secundário, por meio da rede GreenToken ou via plataforma Savitar.

Infelizmente, o montante mínimo da operação (soft-cap) não foi alcançado. Os valores serão reembolsados integralmente aos participantes, como consta no site ico.wpo.eu. Não há informação do montante adquirido. Inegavelmente auspiciosa, a iniciativa da WPO deverá aguardar um outro momento para prosperar. Acompanharemos...  

Fontes:

http://www.plein-soleil.info/actualites/interview-barthelemy-rouer-wpo-est-en-train-de-creer-le-spotify-de-la-donnee-energie/

https://www.thecointribune.com/actualites/wpo-procede-a-lemission-de-4-millions-de-jetons-greentokens/

https://www.greenunivers.com/2020/09/wpo-lance-son-offre-publique-de-jetons-vise-10-me-242517/

https://ico.wpo.eu/

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