quarta-feira, 15 de junho de 2011

Biocombustíveis: só meia dúzia de tecnologias sobreviverão, diz mega empresário do setor de energia

Um dos maiores investidores em tecnologias limpas do mundo, Vinod Khosla, aposta na “inovação radical” para ser competitivo sem subsídio nos grandes mercados

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Vinod_Khosla,_Web_2.0_Conference.jpg

Nascido na Índia e formado na Universidade de Stanford (EUA), Vinod Khosla é um empreendedor de peso no mercado de tecnologias que geram ou economizam energia com baixo impacto ambiental, as chamadas “tecnologias limpas”. Sua exitosa trajetória começou em 1982, quando co-fundou a Sun Microsystems, empresa de workstations e softwares que chegou a valer US$ 7 bilhões .

Em entrevista à Scientific American de fevereiro de 2011 (com tradução para a edição brasileira), Khosla falou de biocombustíveis, de energias solar e eólica e defendeu alguns de seus lemas, como a prioridade de investir em tecnologias “principais” e não nas “periféricas” limpas que requerem subsídios.

Motores de automóveis mais eficientes e baratos, equipamentos de ar condicionado baseados em ciclo termodinâmico de maior desempenho, são exemplos de tecnologias principais, nas quais suas empresas investem. Mas a Khosla Ventures – grupo acionista de 90 empresas, 53 delas de tecnologias limpas – investe também em biocombustíveis e sistemas de captura de CO2 em usinas termelétricas.

“Existe prova suficiente de que meia dúzia de tecnologias [de biocombustível] serão economicamente viáveis; aquelas que dispensarem subsídios serão as mais interessantes, pois se desenvolverão indefinidamente”, diz o empresário.

Os mercados energéticos mais atrativos são os que estão em desenvolvimento, que crescem rapidamente. “Se você não consegue ser competitivo neles sem subsídios, esqueça, sua empresa é de nicho”, afirma Khosla.

Ele diz que para ser competitivo diante do mercado do petróleo “é preciso olhar em longo prazo”; se o custo de produção de biocombustível numa determinada usina equivale ao preço do barril de petróleo hoje, é possível que com cinquenta usinas a bioenergia gerada tenha um custo 60% menor, destaca Khosla.

Sua projeção para o preço do petróleo em 2030 (em dólares de 2006) é de US$ 30 o barril, “não porque pararemos de usá-lo, mas porque o petróleo sofrerá forte competição”, conclui.

Para Vinod Khosla, a energia eólica e a solar estão avançando, mas com pouca inovação. No caso da eólica, faltaria desenvolvimento tecnológico para estocagem da energia; no caso da solar, “os custos estão diminuindo, mas não o suficiente para que o mercado se torne competitivo sem subsídios”. Os principais responsáveis por esta situação, segundo Khosla, são investidores e empreendedores que apostam em soluções “apenas marginalmente inovadoras, em vez de criarem a próxima solução de fato radical”.

Khosla defende uma “norma de eletricidade de baixo carbono”, pela qual se controlaria somente a quantidade de CO2 emitido pela usina, e não a fonte de energia ou o tipo de tecnologia empregada na geração. Dessa forma, se estaria incluindo na corrida pela redução de emissões não apenas a geração eólica e a solar, mas também usinas a base de combustíveis fósseis e as novas nucleares.

Sem a inclusão das termelétricas convencionais nos planos de redução de emissões, as tecnologias de sequestro de carbono nunca se tornarão econômicas. “O sequestro de carbono ao longo da vida de uma usina a gás natural pode ter valores de carbono tão baixos quanto os de uma usina solar, e a um custo menor”, ressalta Khosla.

O mega empreendedor da área energética conclui que, com a norma de eletricidade de baixo carbono, os Estados Unidos poderia se tornar “um dos principais exportadores de tecnologias de sequestro de carbono para a Índia e a China, onde se localiza grande parte das usinas a carvão do planeta.

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