pH oceânico regrediu tanto nos
últimos cem anos que já ameaça existência de vários organismos importantes
http://www.nrdc.org/oceans/acidification/
Cientistas
encontraram evidências de que, em centenas de milhões de anos, os oceanos se acidificaram tão rápido como hoje apenas no período Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno
(PETM, em inglês), há 56 milhões de anos.
Estudos
paleoceanográficos revelam que o ritmo de acidificação atual pode ser até dez vezes maior
do que o ocorrido no PETM. Nos últimos cem anos, o pH dos oceanos diminuiu
em 0,1 e a previsão é que ele seja reduzido em mais 0,2 até 2100, o que
significa maior acidez.
Parte
da explicação deste fenômeno é que os oceanos atuam como uma esponja, absorvendo com
facilidade o excesso de CO2 atmosférico. A reação desse gás com a água forma
ácido carbônico, que é neutralizado pelo carbonato dos fósseis, das conchas do
fundo do mar.
No entanto, se
a quantidade de CO2 absorvida pelo oceano for muito alta, a formação das
conchas é dificultada, comprometendo a vida de corais, moluscos e alguns plânctons.
Em outros
momentos de períodos geológicos distintos, os níveis de acidificação foram
análogos aos atuais, porém, evoluíram mais lentamente. No final da era Permiano
(há cerca de 252 milhões de anos), atividades vulcânicas massivas deixaram os
oceanos tão ácidos, que causaram a extinção de 96% da vida na Terra.
Mas os
cientistas advertem que existem poucos registros sobre eventos com mais de 180
milhões de anos, porque os sedimentos vão se desfazendo, se reciclando no assoalho oceânico.
Segundo
a pesquisadora da Universidade de Yale (EUA), Ellen Thomas, no final do PETM os oceanos tornaram-se corrosivos
e quase metade das espécies de um grupo de organismos monocelulares se
extinguiu, sugerindo que outros seres da mesma cadeia alimentar também podem
ter desaparecido.
A reconstrução
em laboratório de alterações do pH oceânico é difícil, já que envolve muitas
variáveis, como a quantidade de CO2, temperatura, pH e níveis de oxigênio
dissolvido.
Assim,
uma alternativa para avaliar a acidificação moderna do oceano é investigar
regiões vulcânicas, onde os níveis de pH são similares aos projetados para 2100.
Estudos com corais na Papua Nova Guinea mostram que ambientes com pH abaixo de
7,8 por longos períodos prejudicam a regeneração de algumas espécies.
“Se as
emissões industriais de carbono continuarem no ritmo em que estão, isso pode
significar a perda de organismos importantes, como corais, ostras e salmões”, diz
o paleoceanógrafo Bärbel Hönisch, da Universidade de Columbia (EUA).
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