quinta-feira, 15 de março de 2012

Vida marinha: ritmo de acidificação atual só é comparável ao de um único período nos últimos 300 milhões de anos

pH oceânico regrediu tanto nos últimos cem anos que já ameaça existência de vários organismos importantes 

http://www.nrdc.org/oceans/acidification/

Cientistas encontraram evidências de que, em centenas de milhões de anos, os oceanos se acidificaram tão rápido como hoje apenas no período Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM, em inglês), há 56 milhões de anos.

Estudos paleoceanográficos revelam que o ritmo de acidificação atual pode ser até dez vezes maior do que o ocorrido no PETM. Nos últimos cem anos, o pH dos oceanos diminuiu em 0,1 e a previsão é que ele seja reduzido em mais 0,2 até 2100, o que significa maior acidez.

Parte da explicação deste fenômeno é que os oceanos atuam como uma esponja, absorvendo com facilidade o excesso de CO2 atmosférico. A reação desse gás com a água forma ácido carbônico, que é neutralizado pelo carbonato dos fósseis, das conchas do fundo do mar.

No entanto, se a quantidade de CO2 absorvida pelo oceano for muito alta, a formação das conchas é dificultada, comprometendo a vida de corais, moluscos e alguns plânctons.

Em outros momentos de períodos geológicos distintos, os níveis de acidificação foram análogos aos atuais, porém, evoluíram mais lentamente. No final da era Permiano (há cerca de 252 milhões de anos), atividades vulcânicas massivas deixaram os oceanos tão ácidos, que causaram a extinção de 96% da vida na Terra.

Mas os cientistas advertem que existem poucos registros sobre eventos com mais de 180 milhões de anos, porque os sedimentos vão se desfazendo, se reciclando no assoalho oceânico.

Segundo a pesquisadora da Universidade de Yale (EUA), Ellen Thomas, no final do PETM os oceanos tornaram-se corrosivos e quase metade das espécies de um grupo de organismos monocelulares se extinguiu, sugerindo que outros seres da mesma cadeia alimentar também podem ter desaparecido.

A reconstrução em laboratório de alterações do pH oceânico é difícil, já que envolve muitas variáveis, como a quantidade de CO2, temperatura, pH e níveis de oxigênio dissolvido.

Assim, uma alternativa para avaliar a acidificação moderna do oceano é investigar regiões vulcânicas, onde os níveis de pH são similares aos projetados para 2100. Estudos com corais na Papua Nova Guinea mostram que ambientes com pH abaixo de 7,8 por longos períodos prejudicam a regeneração de algumas espécies.

“Se as emissões industriais de carbono continuarem no ritmo em que estão, isso pode significar a perda de organismos importantes, como corais, ostras e salmões”, diz o paleoceanógrafo Bärbel Hönisch, da Universidade de Columbia (EUA). 

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