Meta pode ser alcançada com produção mais eficiente da energia verde
e melhor rendimento dos motores
Automóvel movido por biocombustível e bioeletricidade
Adaptado de http://www.hybridcars.com/plug-in-hybrid-cars
Adaptado de http://www.hybridcars.com/plug-in-hybrid-cars
Toda a
frota de automóveis do mundo poderá ser suprida por etanol e eletricidade
produzidos em usinas de cana-de-açúcar. A conclusão é dos pesquisadores da USP
Sergio Pacca e José Roberto Moreira, autores do artigo “Biorefinery for
mobility?”, publicado na edição de outubro de 2011 de Environmental Science & Technology.
Os
pesquisadores usaram como referência as frotas de automóveis do Brasil e dos
EUA e suas respectivas rodagens médias. Chegaram à proporção ideal para se
ter uma frota mundial de carros com motores limpos: 33% elétricos e 67%
híbridos (bioetanol/bioeletricidade).
Os
veículos híbridos teriam motores a álcool supereficientes – com rodagem de 15
km por litro – e um motor elétrico auxiliar, alimentado pela energia gerada
pelo motor a biocombustível e na frenagem; tecnologia similar à do modelo
Prius, da Toyota.
Outra
alternativa tecnológica avaliada por Pacca e Moreira foi a dos atuais carros
híbridos plug in, nos quais o motor
elétrico é recarregado por uma tomada ou por um motor a álcool, como o Volt, da GM.
O
estudo considera o estágio mais avançado da tecnologia de produção de bioetanol –
a qual deva ser estendida a todas as usinas existentes – e o uso de 50% da
palha deixada hoje no campo, como combustível para a geração de energia elétrica.
Assim,
seria possível aumentar em 8,5% a relação entre o volume de etanol produzido e
a quantidade de cana necessária, e utilizar apenas 4% das terras cultiváveis do
planeta, afirmam os pesquisadores.
Para o
Brasil dispor de toda sua frota – cerca de 32 milhões de veículos – com motores
limpos (33% só elétricos e 67% híbridos) até 2030, a área cultivada cairia pela
metade, em relação à atual (4 milhões de hectares). Isto graças aos aumentos de
eficiência na produção do álcool e do rendimento dos motores dos carros.
(IMAGEM: Tiago
Cirillo; FONTE: Sergio Pacca/USP)
http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4609&bd=1&pg=1&lg=
No
cenário de 1/3 de carros elétricos e 2/3 de híbridos, a quantidade de energia
elétrica para abastecer toda a frota nacional seria 38% menor do que aquela
requerida para alimentar 100% de carros movidos só por eletricidade (figura
acima). Toda energia gerada no país pela queima de bagaço e palha da cana seria
consumida pelos motores elétricos dos automóveis.
Para
que este cenário seja viabilizado, no entanto, são necessárias políticas
públicas de incentivos fiscais para fomentar o mercado de veículos com
tecnologia limpa, “penalizar os carros com alto consumo de energia e beneficiar
os mais eficientes”, adverte Sergio Pacca.
O
estudo foi considerado “sólido” pelo professor Lee Lynd, da Thayer School of Engineering, do Dartmouth College (EUA) e coordenador
executivo do programa Global
Sustainable Bioenergy. Mas para esse cenário ser
realizado, “é preciso melhorar a produtividade do etanol por hectare, combinando
segunda geração e novas variedades de cana, além de aumentar o número de
veículos eficientes”, pondera Lynd.
Já os
pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol
(CTBE) e da Unicamp questionam se a segunda geração do etanol brasileiro pode
competir com a produção de bioeletricidade. Eles
analisaram três cenários, que incluem o uso da energia elétrica gerada na usina
e de tecnologias avançadas de hidrólise, ainda não disponíveis comercialmente.
As projeções
do CTBE/Unicamp levam em conta o investimento necessário e a taxa de retorno resultante,
em função das produções relativas de etanol e energia elétrica decorrentes dos
cenários avaliados. Variáveis que apontam para certa dificuldade de se confirmar
a previsão do estudo de Pacca e Moreira.
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